sábado, 15 de novembro de 2008

A VIRTUDE ("VIRTUS")

V I R T U S
(a virtude)


Por que dar voltas, se há uma estrada reta?
Por que gritar, se o ouvinte está tão perto?
Jurar por Deus?!... Menosprezar a meta?!...
E o óbvio?!... O notório?!... O item certo?!...
Há uma mania geral e predileta:
“complicar, se possível”... Fique esperto!
Pois o essencial que a maioria veta,
tornar-se-á desengano. E então, por certo,
ao vislumbrar sua inútil investida
em que a verdade é uma ilusão versátil
e a Ética, uma dádiva falida,
verá o homem num realismo táctil,
nas circunstâncias práticas da vida,
quão dificílimo é fazer o fácil!...

Paulo Cesar Cavazin

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A SABEDORIA DOS MAGOS

A Sabedoria dos Magos

As dádivas dos Reis representam o Reino, o Poder e a Glória. E para melhor entendimento do que isso significa será preciso observar o ouro como símbolo da “Glória”; o incenso, da “grandeza”; e a mirra, da “pequenez” e “humildade”. O conjunto formado por esses três elementos mostra como é fácil ser grande e ao mesmo tempo difícil ser grande e humilde (verdadeiro Poder); diz também como é fácil ser humilde e ao mesmo tempo difícil ser humilde e grande (verdadeiro Reino). Portanto, a verdadeira Glória, o mérito do ouro só se acha devotado ao que (superando a dualidade), souber fazer-se, igualmente, grande e ao mesmo tempo humilde. É essa a Sabedoria dos Magos.

Paulo Cesar Cavazin

domingo, 26 de outubro de 2008

MINHA CRÔNICA DE NATAL

“MINHA CRÔNICA DE NATAL”

Entre a pequena vegetação que revestia os arredores de meu casebre, nascera uma flor. Não era formosa e nem exuberante, mas graciosa e humilde como todas as criaturas do campo. Ao fitá-la, a princípio, achei-a sorridente e simpática, porém, não quis colhê-la. Tive pena de fazê-la compartilhar da solidão que reinava em minha vivenda. Não pretendi privá-la do esplendor do sol de dezembro, do frescor das chuvas de verão e da brisa perfumada.
Os sons dos sinos da capelinha do vilarejo invadiam a natureza anunciando o início da comemoração natalina... Ah!... Minha família, como estava longe! Quanta saudade sentia dos natais passados, onde a fartura e a euforia dos habitantes da cidade em que nasci criavam longos e felizes festejos. Como era bom o tempo de criança, das árvores ricamente enfeitadas, das ceias, dos presentes inesperados, dos presépios eletrônicos, do Papai Noel a passear pelas ruas, dos orfeões a cantar “Noite Feliz” na madrugada. Quanta coisa maravilhosa!...
Naquele dia, porém, a sorte mudara. Eu estava distante de tudo, habitando em uma casinha miserável, em terras diferentes e sem amigos. Veio a noite. Decidi caminhar algumas léguas a pé, para assistir à “Missa do Galo” celebrada na capelinha. O caminho se fizera iluminado por estrelas que cintilavam fazendo com que se previsse bom tempo. Mas eis, que na volta, o vento frio do Sul começou a soprar e vasto cortinado de nuvens cobriu a resplandecência estelar. Talvez chovesse. Apressei meus passos e logo me vi em casa sentado entristecido na beirada do leito, pronto para deitar-me. Lá fora, havia trovões e relâmpagos. O vento rosnava furioso.
“A flor”!... Lembrei-me, de repente. E com coragem abandonei o abrigo para enfrentar a chuva, o vento, e poder salvar aquela insignificante criatura. Cuidadosamente, consegui transportá-la para um copo d’água que estava sobre a pequena mesa de meu aposento. Ela se tornara tão bela ali, que parecia querer se expressar em agradecimentos. Subitamente, eu me sentira satisfeito. Sorrindo para a flor, deitei e adormeci.
Ao despertar, em luminosa manhã, o casebre estava todo perfumado e minha companheira permanecia irradiando felicidade lá de seu copo. Não havia presépios, ceias, orfeões, ou ricos presentes, porém, tudo se fizera tão belo e envolto de uma estranha ternura. Era o amor que ali existia.
Hoje, após muitos anos reconheço. Esse foi o Natal mais sublime que vivi. Naquela época de solidão, eu sentira verdadeiro valor das pequenas coisas e a lição de humildade da qual o exemplo é o próprio Menino Jesus. Assim transcorreu meu “Feliz Natal”, que se fez num casebre, em companhia de uma flor.
Paulo Cesar Cavazin

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

UM RESUMO SOBRE ALDEÍSTICA


PEQUENO RESUMO SOBRE ALDEÍSTICA
(elementos essenciais sobre a ciência da aldeia)
01. - A NATUREZA HUMANA :
01.01. - Uma verdade fundamentada na Liberdade.
01.02. - Um mito - A descoberta de Jean Marc Gaspard Itard: O homem resulta muito mais do meio-ambiente do que da genética. A linguagem (expressão mais alta da sociabilidade) só pode ser desenvolvida precocemente e até um certo tempo.
02. - A EXISTÊNCIA COMUM E A EXISTÊNCIA PRÓPRIA :
02.01. - O antigo conceito de um poema babilônico: " Quando no alto, o céu não era denominado e embaixo a terra não tinha nome ... "O denominado adquire existência o que não tem nome não existe". O nome é o elemento diferenciador e o primeiro fator próprio de cada um de nós .
02.02. - No meio de seres comuns, o que tem nome passa a ser PRÓPRIO .
02.03. - O desejo do PRÓPRIO é inerente à condição humana como fator fundamental de uma dignidade e felicidade. O nome é a primeira propriedade individual. "Chamar" (acender) alguém e "calar" (silenciar e emudecer). A arte (os objetos humanizados) a Ciência (o homem transformado em coisa).
03. - A IDENTIDADE E A PERSONALIDADE - FAMÍLIA , ESTADO E ALDEIA.
03.01. - Personalidade Psicológica - segundo G. W. Allport: "é a organização dinâmica daqueles sistemas psico fisiológicos que determinam a maneira única pela qual o indivíduo se ajusta ao ambiente".

03.02 - Personalidade Jurídica - "uma unidade jurídica que resulta, de uma coletividade humana, organizada, com estabilidade para um ou vários fins de utilidade pública ou privada", etc... - No Direito segue-se a Teoria da Realidade Técnica, pela qual a noção de personalidade transcende à dimensão física e natural e surge como própria de outras ciências. Assim no aspecto jurídico uma pessoa jurídica é dotada do mesmo subjetivismo próprio das pessoas físicas. - Conceituar "Pessoas Coletivas".
03.03 - A PERSONALIDADE CULTURAL - O Objeto da Aldeística.

04 - A ALDEÍSTICA COMO CIÊNCIA
04.01. - DEFINIÇÃO - Aldeística é a ciência que estuda a personalidade cultural, coletiva, típica de certo tipo de agrupamento humano que denominamos aldeia e os indivíduos, fatos e objetos que a tipificam. Portanto é uma ciência social que trata das coisas próprias.
04.02. - OBJETO - Podemos classificar como objeto da Aldeística o estudo de toda atividade humana suscetível de resultados que caracterizem distintamente a localidade onde se exerce a atividade. Assim, por seu objeto (a aldeia) abranger atos e fatos humanos, que de modo amplo são estudados pela Sociologia, temos que a Aldeística se coloca como uma ramificação desta, uma vez que objetiva um certo tipo especial de atividade caracterizado como típico.

04.03 - CLASSIFICAÇÃO DO OBJETO - A aldeia, no sentido em que estamos estudando se acha perfeitamente enquadrada como instituição e como tal, surge e resulta espontaneamente no espaço sócio-cultural.
05. PROPRIEDADE

Conceito - Etimologicamente é a qualidade do que é próprio. No Direito dos países: é o proveito que se pode tirar da coisa. É a faculdade de explorar reduzida a Direito (tal conceito deverá mudar, inclusive pela mentalidade ecológica atual).
05.01. - Em Aldeística, os que compõem uma aldeia, subjetivamente têm como propriedade tudo que compõe a aldeia. Culturalmente, por exemplo: Limeira é a Terra da Laranja, logo a laranja pertence a todos os limeirenses. As personalidades individuais compoem a coletiva. E a coletiva tipifica a individual (no domínio cultural).

05.02. - Em Aldeística uma empresa é uma unidade viva, com personalidade cultural própria. Nas décadas passadas as empresas exploraram os recursos naturais e iniciaram o processo de exploração dos recursos humanos. Hoje essa mentalidade está evoluindo e já se fala na administração de talentos. EXPLORAR significa apropriação ou transformar os recursos humanos em propriedade da empresa. Já o conceito de ADMINISTRAR TALENTOS equivale a considerar os seres humanos como individualidades únicas, criativas, dignas e unidades culturais num somatório maior que é a aldeia, no caso, chamada de empresa.
05.03. - A ALDEÍSTICA É A CIÊNCIA DAS VOCAÇÕES
a - Hoje mudou a própria idéia de Planeta Terra - é um planeta vivo - Mentalidade Aquariana - a vida deve ser preservada - os recursos explorados esgotar-se-ão. Preservar os recursos naturais, culturais e humanos é necessário.
b - O Império Mundial ou a Aldeia Global - o sonho de muitos tiranos é inviável. Cada setor do mundo tem suas próprias características, suas diferenciações típicas e administrá-las uniformemente seria extinguí-las.
c - Há vocações de regiões para regiões; de países para países, de cidades para cidades, aldeias para aldeias e de indivíduo para indivíduo. A vocação artística vale mais do que o bem econômico.
considerações pessoais:
Relação da Aldeística com a Crença - A Chave, o Grande segredo da vida e da felicidade está nesta sabedoria: Em tudo há a vocação. Ela é a Vontade e a Voz de Deus Viva falando dentro de nós, dentro de cada empresa, dentro de cada aldeia, dentro de cada região. A felicidade e o sucesso estarão consolidados quando ouvirmos com sinceridade e praticarmos com amor aquilo que a vocação nos proporciona. A palavra "vocação" significa "apelo", "chamado". O Chamar de Deus, acende-nos como seres humanos originais, autênticos e únicos.
Como falar em Deus, envolve também a problemática da crença, neste estudo de Aldeística ("aldeia" + "ística") vamo-nos ater essencialmente no seu aspecto de CIÊNCIA DA ALDEIA.
Elementos de Aldeística na Obra e no Pensamento de Autores Consagrados:

"Adeus, ó vós que eu amei. Não é minha culpa se o corpo humano não pode resistir três dias sem água. Não me sabia assim prisioneiro das fontes. Não suspeitava ter uma tão curta autonomia. A gente pensa que o homem pode ir andando para a frente. Pensa que o homem é livre... Não se vê a corda que o prende ao poço, que o prende, como um cordão umbilical, ao ventre da terra. Se dá um passo a mais, morre".
"Além de vosso sofrimento não lamento mais nada. Bem feitas as contas, tive a melhor parte. Se eu voltasse, recomeçaria. Preciso viver. Nas cidades não há mais vida humana". (In: Terra dos Homens. Pag. 126)
Antoine de Saint-Exupéry

"Se nesta terra e não em outra, as laranjeiras lançam sólidas raízes e se carregam de frutos, esta terra é a verdade das laranjeiras. Se esta religião, esta cultura, esta escala de valores, esta forma de atividade, e não outras, favorecem no homem sua plenitude, libertam nele o grande senhor que ignorava, esta escala de valores, esta cultura, esta forma de atividade são a verdade do homem. E a lógica? Ela que se arranje para tomar conhecimento da vida". (In: Terra dos Homens. Pág. 135)
Antoine de Saint-Exupéry

23. ENTREVISTA COM MORADOR DO BROOKLYN
Gravada em vídeo. Interior de apartamento.
CHEIF BEY
O Brooklyn tem de tudo. Tem riachos correndo através dele. As pessoas não sabem. Tem cachoeiras... e elas não sabem onde ficam. É simplesmente fantástico. É uma cidade grande e linda. Tem de tudo. Planícies, montanhas, planalto, florestas. E até pântanos. (Corte) Quando você compara com os outros bairros, o Brooklyn é maior... e é o mais legal de todos.
28. ENTREVISTA COM MORADOR DO BROOKLYN
Continuação da Cena 23
CHEIF BEY
A coisa que eu mais gosto no Brooklyn é que aqui existem todas as nacionalidades do mundo. (Corte) A que menos gosto? Que todas essas nacionalidades ainda não conseguem conviver.
IN: AUSTER, Paul. — Cortina de Fumaça & Sem fôlego - dois filmes (Com prefácio de Wayne Wang).Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves. São Paulo. Editora Best Seller. s.d. [citações de páginas 276 e 284]
"Embora a desintegração de grupos locais em nossa sociedade possa ainda aumentar, o autor tende a considerá-la como fenômeno transitório. O surto repentino do maquinismo e da ciência aplicada fragmentou a civilização ocidental e reduziu as sociedades do ocidente a uma situação próxima ao caos. Mas, a não ser que toda a experiência do passado esteja em erro, a sociedade mais uma vez se reorganizará. Ninguém pode prever qual será a nova ordem, mas são tão grandes os potenciais do grupo local, tanto para o controle do indivíduo quanto para a satisfação de suas necessidades psicológicas, que não parece provável que esta unidade seja posta de lado".
IN: pg.256 do livro "O Homem: Uma Introdução à Antropologia" de Ralph Linton, Ph. D. (3a. edição. S. Paulo. Livraria Martins Editora. 1959):
"Não há, / ó gente, / ó não, / luar como este / do sertão".
Catulo da Paixão Cearense
"Adeus Guacira, / meu pedacinho de terra. / Meu pé-de-serra / que nem Deus sabe onde está".
Hekel Tavares e Joraci Camargo

A criminalidade no mundo é proporcional à falta de arte.
RUDOLF STEINER
Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.
Leon Tolstói

domingo, 19 de outubro de 2008

sobre um livro denominado AUR


"Na vida, uma grande maioria de indivíduos procura por um livro... por um livro que, ao ser decifrado, revele a própria vida" — afirmava Borges.

Porque, como o beija-flor suga as flores, os leitores buscam obter, das letras, o mel para o espírito

Quem não gostaria de dispor de um livro maravilhoso?!... De possuir aquela obra que todos desejariam ler?!... Da tal edição fabulosa que desvele os mistérios que nos cercam.

Partindo da idéia da possibilidade de existir obra semelhante àquela que o famoso poeta argentino idealizara, um editor determinou que a escrevesse, o mais consagrado novelista da época.

O escritor, por sua vez, partiu da premissa materialista de que "se o homem inventou Deus", por certo, ele, também, literariamente, poderia reinventá-Lo. Dai, mediante o uso do computador, optou em dedicar-se à elaboração e conclusão do livro solicitado. Mas...

Mas, embora não quisesse criar um tipo de "Manual de Sobrevivência do Fernão Capelo Gaivota", indicado especialmente para "quem não queira ser boi na boiada", o resultado foi surpreendente!... E poderá ser conferido nas páginas de AUR — uma obra em formato de ficção que nada tem de ficção.

Porque, para o leitor que souber "ligar os pontos" ou "apertar os botões certos", AUR consistirá, também, num romance, ou melhor, numa parábola de letras vivas, cujo real significado possibilitará o desvendar dos mais ínvios mistérios.