O MAIOR TRIUNFO
DA CARREIRA HUMANA
Como relatado em edições anteriores, o Coral dos Patrulheiros (CAMPL)
através de uma TV de Campinas, apresentou-se no programa rural das manhãs de
domingo. A tese do produtor voltada a mostrar cada cantor do grupo em sua
“aldeia”, consolidou-se. Depois de apresentadas as imagens típicas da vida
particular de cada um (sempre ao som das músicas que cantavam) tornava-se
perceptível o sentido de realização pessoal de cada menino do coral. Essa feliz
e sensacional mudança no modo de ser dos garotos determinava o início da
descoberta da “aldeia”! Uma instituição que faz parte da vida de todos, porém,
que, para a totalidade das pessoas é algo que se perdeu... Para sempre!...
Descobria-se, então, que, cada um de
nós, carregamos um critério de valores que são medidos de conformidade com a
aldeia conservada em nossa interioridade. A qual seria um reflexo subjetivo das
nossas primeiras impressões interativas e do convívio social no qual a vida nos
coloca. Ao nascermos, passamos os primeiros tempos num ambiente com tal
conformação, a qual será a medida para avaliar tudo com que depararmos. O
cenário da primeira infância, no psiquismo de cada um, transforma-se no ideal.
Funda-se nele, o mito da “aldeia perdida”. Um cenário psíquico, sempre a ser
reconquistado. Nada adianta ser importante para o mundo, sem que seja
reconhecido por sua aldeia. Toda a obtenção de conceito que o ser humano
almeja, tem como ápice, o bom conceito
entre os seus, da própria casa, parentes e sua
terra. E esse sentimento, muito antigo, consta em Marcos 6 (de 1 a
6). Há dois mil anos, Jesus demonstrara
que sua Divina Missão estava acima da mera busca de conceito em meio aos de sua
aldeia. Admirou-se com a rejeição em sua própria cidade!... E a “quase” impossibilidade de “santo de casa
realizar milagres”. Geralmente quando alguém muito próximo se destaca ou deixa
transparecer certa grandeza pessoal ou moral, ocorre que parentes e amigos não
lhes atribuam a justa honra. Daí, até hoje, ser a mal-entendida aldeia uma
difícil conquista.
Denominando de “Aldeística”, a
“ciência” de todos os conhecimentos ligados a esse fenômeno e buscamos
estudá-la. Então, encontramos o
trabalho do médico e psiquiatra francês, Jean-Marc-Gaspard Itard (1774 –
1838) que resultou de suas pesquisas com uma criança (Le Sauvage de
l'Aveyron ), a qual sobrevivera abandonada na floresta, sem o convívio
humano. Que embora física e psiquicamente normal, estaria privada de toda e
qualquer forma de interatividade humana. Daí a descoberta de que a Civilização
é um mito. E que, em vez da Genética, o meio-ambiente é o fator essencial que
torna o homem e a sociedade civilizados, da forma como modernamente conhecemos.
Já, ao alertar, que “a conquista da sociedade será o maior triunfo da carreira
humana”, em seu livro “O Homem: Uma Introdução à Antropologia”, o Ph. D.
norte-americano Ralph Linton, apresenta um elucidativo estudo sobre o “grupo
local”, com destaque à atrofia cultural sofrida pela a instituição que
denominamos de aldeia. Também Antoine de Saint-Exupéry,
em seu livro “Terra dos Homens” elucida sobre a importância da aldeia.
Nos anos
setenta, a tentativa de resgatar a aldeia para jovens e famílias, no Município
de Limeira, chegou, até, a ser considerada uma forma de subversão da ordem
social. No entanto, para a Associação Comercial e Industrial de Limeira, essa
ação seria benéfica. Até mesmo, porque o melhor “status” para todas as
famílias, certamente, resultaria num maior poder de compra, que beneficiária ao
comércio e à produção de bens. O apoio à melhoria cultural tornava-se
fundamental. Com esse espírito, um grupo de empresários, no seio da ACIL, em
1993, fundou a instituição “Aldeia –Movimento Pró-Cultura”.
REFERÊNCIAL: Esta
crônica escrita por Paulo Cesar Cavazin foi publicada na secção
“Interatividade” do jornal “Visão Empresarial Limeirense (uma edição do
Informativo Empresarial de Limeira - tradicional “house organ” da Associação Comercial e Industrial de Limeira)” de número 411, página 10, que
circulou de 07 a 13 de novembro de 2013.