sexta-feira, 1 de julho de 2011
INEFÁVEL
Por que, no poema, escravizar o instante?
E até prender a vida na palavra?
Se essa, da poesia preciosa lavra,
não abrange a extensão mais importante?!...
O escrever sempre reduz a escrava
sagrada essência (disse um hierofante);
vulgariza o sentido e o falar trava
sob chavões o eterno e fascinante.
Baile liberta, ó essência positiva
e deixa voar o verso, em seu completo
mirificar, sem métrica e sem lei!...
Com maravilhas inefáveis, viva
toda a vida comigo, ó meu secreto
poema, que jamais escreverei!...
Paulo Cesar Cavazin
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