sexta-feira, 3 de março de 2017


 

 

                        O MAIOR TRIUNFO DA CARREIRA HUMANA

 

Como relatado em edições anteriores, o Coral dos Patrulheiros (CAMPL) através de uma TV de Campinas, apresentou-se no programa rural das manhãs de domingo. A tese do produtor voltada a mostrar cada cantor do grupo em sua “aldeia”, consolidou-se. Depois de apresentadas as imagens típicas da vida particular de cada um (sempre ao som das músicas que cantavam) tornava-se perceptível o sentido de realização pessoal de cada menino do coral. Essa feliz e sensacional mudança no modo de ser dos garotos determinava o início da descoberta da “aldeia”! Uma instituição que faz parte da vida de todos, porém, que, para a totalidade das pessoas é algo que se perdeu... Para sempre!...

 

Descobria-se, então, que, cada um de nós, carregamos um critério de valores que são medidos de conformidade com a aldeia conservada em nossa interioridade. A qual seria um reflexo subjetivo das nossas primeiras impressões interativas e do convívio social no qual a vida nos coloca. Ao nascermos, passamos os primeiros tempos num ambiente com tal conformação, a qual será a medida para avaliar tudo com que depararmos. O cenário da primeira infância, no psiquismo de cada um, transforma-se no ideal. Funda-se nele, o mito da “aldeia perdida”. Um cenário psíquico, sempre a ser reconquistado. Nada adianta ser importante para o mundo, sem que seja reconhecido por sua aldeia. Toda a obtenção de conceito que o ser humano almeja, tem como  ápice, o bom conceito entre os seus, da própria casa, parentes e sua  terra. E esse sentimento, muito antigo, consta em Marcos 6 (de 1 a 6).  Há dois mil anos, Jesus demonstrara que sua Divina Missão estava acima da mera busca de conceito em meio aos de sua aldeia. Admirou-se com a rejeição em sua própria cidade!...  E a “quase” impossibilidade de “santo de casa realizar milagres”. Geralmente quando alguém muito próximo se destaca ou deixa transparecer certa grandeza pessoal ou moral, ocorre que parentes e amigos não lhes atribuam a justa honra. Daí, até hoje, ser a mal-entendida aldeia uma difícil conquista.

 

Denominando de “Aldeística”, a “ciência” de todos os conhecimentos ligados a esse fenômeno e buscamos estudá-la. Então, encontramos o trabalho do médico e psiquiatra francês, Jean-Marc-Gaspard Itard  (1774 – 1838) que resultou de suas pesquisas com uma criança (Le Sauvage de l'Aveyron ), a qual sobrevivera abandonada na floresta, sem o convívio humano. Que embora física e psiquicamente normal, estaria privada de toda e qualquer forma de interatividade humana. Daí a descoberta de que a Civilização é um mito. E que, em vez da Genética, o meio-ambiente é o fator essencial que torna o homem e a sociedade civilizados, da forma como modernamente conhecemos. Já, ao alertar, que “a conquista da sociedade será o maior triunfo da carreira humana”, em seu livro “O Homem: Uma Introdução à Antropologia”, o Ph. D. norte-americano Ralph Linton, apresenta um elucidativo estudo sobre o “grupo local”, com destaque à atrofia cultural sofrida pela a instituição que denominamos de aldeia. Também Antoine de Saint-Exupéry, em seu livro “Terra dos Homens” elucida sobre a importância da aldeia.

 

Nos anos setenta, a tentativa de resgatar a aldeia para jovens e famílias, no Município de Limeira, chegou, até, a ser considerada uma forma de subversão da ordem social. No entanto, para a Associação Comercial e Industrial de Limeira, essa ação seria benéfica. Até mesmo, porque o melhor “status” para todas as famílias, certamente, resultaria num maior poder de compra, que beneficiária ao comércio e à produção de bens. O apoio à melhoria cultural tornava-se fundamental. Com esse espírito, um grupo de empresários, no seio da ACIL, em 1993, fundou a instituição “Aldeia –Movimento Pró-Cultura”.

                                                                                         

REFERÊNCIAL: Esta crônica escrita por Paulo Cesar Cavazin foi publicada na secção “Interatividade” do jornal “Visão Empresarial Limeirense (uma edição do Informativo Empresarial de Limeira - tradicional “house organ” da Associação Comercial e Industrial de Limeira)” de número 411, página 10, que circulou  de 07 a 13 de novembro de 2013.

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